O mês de janeiro além de ser o mês de consciência e reflexão em torno da saúde mental e emocional, também é o mês da conscientização e prevenção do Câncer (CA) de Colo de Útero e também conhecido como câncer cervical. O CA de colo uterino é a terceira doença mais frequente em mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) em 2020, com exceção do CA de pele não melanoma, o CA de colo uterino ficou em terceiro lugar com (7,5%) ficando atrás do CA de mama (29,7%) e de cólon e reto (9,2%).
O que é CA de colo uterino?
O CA de colo uterino é um tumor que se desenvolve a partir das alterações no colo do útero, que se localiza no fundo da vagina. Essas alterações precursoras são totalmente curáveis na maioria dos casos, mas se não tratadas anos depois podem se transformar em câncer. As lesões precursoras não apresentam sinais ou sintomas, mas conforme a doença for se desenvolvendo podem aparecer alguns sintomas como: sangramento vaginal, corrimento e dor. Nesse momento é recomendado a procura de um médico especialista para poder investigar as causas e poder chegar a um diagnóstico e definir um tratamento.
O desenvolvimento do câncer no colo uterino, é causada pela infecção persistente por alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV) (chamados de tipos oncogênicos). O ginecologista José Moura do hospital Mulher Anchieta, alerta que além da infecção do HPV outros fatores de risco são associados para o desenvolvimento do CA, como: atividade sexual precoce, múltiplos parceiros, histórico de verrugas genitais, tabagismo e pacientes com doenças imunossupressoras.
Futuramente, farei um post abordando apenas a fisiopatologia desse tumor para melhor esclarecer seu desenvolvimento.
Imunossupressão: Ato de reduzir a atividade ou eficiência do sistema imunológico, podendo ser causada por doenças autoimune ou doenças, como o HIV. Uma imunossupressão intencional pode ser observada em pacientes recém transplantados, pois realiza um tratamento para diminuir a eficiência o sistema imunológico a fim de evitar a rejeição do órgão transplantado.
Sinais e sintomas
Por ser uma doença com desenvolvimento lento, pode ser que não apresente sintomas em sua fase inicial e sim nos casos mais avançados da doença. Os sintomas nesses casos podem incluir: Sangramento vaginal intermitente (sangramento que vai e volta), sangramento após as relações sexuais, secreção vaginal anormal, dor abdominal associada com queixas urinarias e intestinais, entre outros.
Exame pélvico e história clínica: exame de vagina, colo de útero, útero, ovário e reto através de avaliação com especulo, Papanicolau, toque vaginal ou toque retal.
Exame preventivo: papanicolau.
Colposcopia: exame que permite a visualização da vagina e colo uterino com um aparelho capaz de detectar lesões anormais nessa região.
Biópsia: exame que realiza a retirada de uma pequena quantidade de material em qualquer nódulo suspeito na região, para assim realizar uma analise microscópica. O objetivo da biópsia é estabelecer se na amostra há presença de câncer ou outras doenças, ou não.
Detecção precoce
A detecção precoce da doença é uma estratégia para encontrar um tumor em fase inicial e assim possibilitar maior caches de tratamento. A detecção precoce é feito através de investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos em pacientes que realizam exames periódicos sem apresentar sinais e sintomas (rastreamento) ou pacientes com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce).
O exame preventivo Papanicolau é extremamente importante nessa estratégia, pois nele, é possível realizar a detecção de lesões que antecedem o aparecimento da doença e com isso as chances de cura do câncer cervical é de 100%.
O tratamento da doença é feito de forma individualizada e cada caso deve ser avaliada e orientado por um médico. Os tratamentos de Ca de colo uterino incluem as cirurgias, quimioterapia e a radioterapia. O tipo tratamento depende exclusivamente do estadiamento da doença (estágio e evolução), tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade do paciente e desejo de ter filhos. Se a confirmada a presença de lesão precursora, essa lesão poderia ser tratada a nível ambulatorial, por meio de eletrocirurgia.
A prevenção do CA de colo uterino está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. A transmissão do HPV é através do contato sexual desprotegido, então uma medida protetiva contra o vírus o uso do preservativo feminino ou masculino durante a relação sexual protege parcialmente o contágio do HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
Uma outra medida de prevenção contra o HPV é a vacinação, que esta no calendário vacinal do ministério da saúde desde 2014, a vacina é tetavalente contra o HPV e indicado para meninas de 9 a 13 anos. E a partir de 2017, o ministério da saúde estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina protege contra os tipos 6,11,16 e 18 do HPV. O 6 e 11 causam verrugas e os 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo uterino. A vacina e realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção a esse tipo de câncer.
O que diversas diretrizes indicam é que mesmo a menina vacinada, quando alcançarem a idade de 25 anos, deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos de HPV.
Vale destacar, que mesmo em mulheres jovens não vacinadas como as que nasceram em 1998, podem ficar a vontade em iniciar sua rotina de exames periódicos antes dos 25 anos de idade, desde que já tenha vida sexual ativa.
Fonte: INCA e Instituto Oncologia.
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